quarta-feira, 17 de setembro de 2008


O contra-ataque já começou!

Suponho que, até para quem não está familiarizado com as intrigas politiqueiras deste "santo" país, não escapa a percepção do que realmente está a acontecer no PS-Porto.
Após a entrevista de Pedro Baptista ao jornal PÚBLICO, as reacções não se fizeram esperar. O principal visado, Renato Sampaio, líder distrital do PS-Porto, optou por não comentar a referida entrevista, comentando-a. Afirmando que "não leu a entrevista de P.B., e que, mesmo que a tivesse lido, também não a comentaria", Renato Sampaio não está mais do que a proteger-se de um duelo de que, em normalidade democrática, sairia completamente derrotado.
Não será por ter do seu lado os compadres e as comadres do aparelho partidário, que se sente seguro do lugar que detém - e que já revelou à saciedade não merecer -, como líder distrital da região. Ele está consciente que são os eleitores sem "fidelização" partidária, quem mais ordena, e quem têm a última palavra em termos de peso e decisão eleitoral. Sabendo isso, foge de Pedro Baptista como o diabo da cruz.
Goste-se ou não, Pedro Baptista tem a sinceridade própria dos não alinhados, dos politicamente incorrectos. Não teme (já deu provas disso), "o chefe" nem a família política (o que não é forçosamente sinónimo de indisciplina), e se preciso for chama os bois pelo nome, dizendo algumas verdades terrivelmente incómodas.
Os argumentos dos adversários políticos de Pedro Baptista, dentro e fora do PS, vão ser tudo menos honestos e originais. Podemos esperar pouco mais do que coisas como "populismo", "comunismo" e outros truques terminados em ismo para o desacreditar. Quando a sustentação argumentativa é frágil, os políticos medíocres valem-se dos dogmas que eles próprios inventam, cultivam e transformam em clichés para derrubar quem os tenta ameaçar.
O deputado José Lello, que não fez nada de relevante para defender o "seu" Boavista da arbitrariedade "justiceira" de Lisboa, é um bom exemplo do que atrás foi referido. Acomodado à tradicional condição dos políticos de carreira, que interiorizam (erradamente) que os poderes e benesses públicas também são poderes privados com lugares vitalícios seguros, reagiu da forma mais básica e previsível: a má língua. "O Pedro Baptista está num processo de regressão ao tempo em que era líder de «O Grito do Povo».
Incontornável, como se constata, o recurso às frases estigmatizadas para se anular quem está a ser "inconveniente". Como de costume, os políticos recorrem às palavras mágicas para se defenderem, sem hesitar um segundo, em usar os estigmas mais antigos desde que se convençam que funcionam. Outrora foi o "comunismo", agora, como o chavão já não pega tanto, recorrem ao "populismo". É simples, é barato e deve dar votos...
Ora, é bom recordar que o jornal «O Grito do Povo» de inspiração marxista-leninista, ao qual alegadamente P.B. esteve ligado, era um jornal revolucionário de 1972, anterior ao 25 de Abril, o que em nada denigre o carácter de Pedro Baptista. É sensato que se tenha em conta a idade e o contexto em que tal aconteceu para evitar de dizer banalidades. A mal afamada Dra. Maria José Morgado e o próprio Durão Barroso, pertenceram ao MRPP e o senhor José Lello já se deve ter esquecido das semelhanças... E quantos mais andam por aí que foram "revolucionários" e que agora estão confortavelmente instalados nos empregos dos partidos tradicionais do poder?
Quantos são, fazem ideia? Zita Seabra, servirá para encabeçar a lista?
Creio não oferecer dúvidas a ninguém que neste caso Pedro Baptista está cheio de razão. O que diz, só peca por condizer com o que muitos de nós dizemos e pensamos. E depois? Se a isso entenderem chamar populismo, então chamem, mas nesse caso passaremos também a compreender que populismo já deixou de significar oportunismo político para significar honestidade.
E eu penso que Pedro Baptista é honesto, como são quase todas as pessoas frontais.
Publicada por Rui Valente em Terça-feira, Setembro 16, 2008

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