Taxa de desemprego será a maior dos últimos 23 anos CATARINA ALMEIDA PEREIRA (DN) 18.01.2009
Mercado de trabalho. A taxa de desemprego pode já estar acima de 8%. Com as mais recentes previsões, o Governo assumiu para este ano o pior cenário desde 1986. Os economistas avisam que parte do desemprego veio para ficar. 2010 não será ainda o ano da recuperação do mercado de trabalho
A taxa de desemprego deve já ter superado os 8% e vai atingir o valor anual mais alto dos últimos 23 anos. Este cenário, implícito nas últimas previsões macroeconómicas do Governo, pode ainda agravar-se: os economistas avisam que 2010 não será o ano da recuperação do mercado de trabalho. Ao assumir uma taxa de desemprego de 8,5% para 2009 - previsão idêntica, aliás, à da OCDE -, o Governo reconhece que o mercado de trabalho vai enfrentar uma das situações mais preocupantes das últimas décadas. A taxa prevista corresponde ao valor mais alto dos últimos 23 anos, segundo dados da Comissão Europeia, baseados nas definições do Eurostat. Associada a este cenário está a projecção de uma quebra de 0,7% no número de empregados, o que se traduz na perda de pelo menos 36 mil postos de trabalho.
Mercado de trabalho. A taxa de desemprego pode já estar acima de 8%. Com as mais recentes previsões, o Governo assumiu para este ano o pior cenário desde 1986. Os economistas avisam que parte do desemprego veio para ficar. 2010 não será ainda o ano da recuperação do mercado de trabalho
A taxa de desemprego deve já ter superado os 8% e vai atingir o valor anual mais alto dos últimos 23 anos. Este cenário, implícito nas últimas previsões macroeconómicas do Governo, pode ainda agravar-se: os economistas avisam que 2010 não será o ano da recuperação do mercado de trabalho. Ao assumir uma taxa de desemprego de 8,5% para 2009 - previsão idêntica, aliás, à da OCDE -, o Governo reconhece que o mercado de trabalho vai enfrentar uma das situações mais preocupantes das últimas décadas. A taxa prevista corresponde ao valor mais alto dos últimos 23 anos, segundo dados da Comissão Europeia, baseados nas definições do Eurostat. Associada a este cenário está a projecção de uma quebra de 0,7% no número de empregados, o que se traduz na perda de pelo menos 36 mil postos de trabalho.
O Partido Socialista justificou esta semana a decisão de não alargar a duração do subsídio de desemprego argumentando que os números ainda não evidenciam uma degradação pronunciada do mercado. O cenário do Governo sugere, contudo, que o desemprego deverá já ter superado o valor historicamente elevado de 8%: para que 2008 tenha chegado ao fim com uma taxa anual de desemprego de 7,7% (tal como o Executivo agora prevê, depois de uma ligeira revisão em alta) o último trimestre do ano terá que ter registado uma subida do indicador para valores que podem oscilar entre os 8% e os 8,3%. O que decorre do facto do nível de desemprego ter sido mais baixo nos primeiros três trimestres (7,6, 7,3 e 7,7%), segundo os dados oficiais já divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística. A corrida aos centros de emprego sugere, aliás, uma maior instabilidade no mercado de trabalho desde o final de 2008.
Os economistas consultados pelo DN saúdam o reconhecimento da gravidade da situação, mas denunciam um persistente optimismo quanto à duração dos problemas que a crise vai criar. Apesar da aproximação do cenário do Governo ao das principais instituições internacionais, este ponto - fundamental no desenho de políticas sociais - é ainda de divergência. O Executivo espera uma redução do desemprego já em 2010, para 8,2%, contrariamente ao que defende a Comissão Europeia (que aposta na manutenção do nível de desemprego) e a OCDE (que prevê uma subida para 8,9%).
"O próximo ano não será melhor", declara Pedro Adão e Silva, sociólogo que estudou o mercado de trabalho português. O especialista, que é membro do grupo responsável pela redacção da moção de Sócrates, refere o habitual desfasamento entre o crescimento da economia e a evolução do mercado de trabalho. "Mesmo que a recuperação na Europa comece em 2010, só chegará a Portugal muito mais tarde".
Posições idênticas são manifestadas por Bagão Félix e Mira Amaral. A forte concorrência da Ásia, a quebra nas exportações, o desajustamento entre a formação oferecida e as necessidades da economia podem dificultar o regresso dos desempregados ao mercado de trabalho. Ainda que as estatísticas não o denunciem.
"Em recessão as pessoas têm noção que é difícil encontrar trabalho e auto-excluem-se", passando a ser considerados inactivos, lembra Nádia Simões, investigadora do ISCTE.
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