sábado, 17 de janeiro de 2009

Governo assume que a criação de emprego entre 2004 e 2009 não ultrapassará os 50 mil
(Público)17.01.2009, Sérgio Aníbal
O Governo desistiu, face à contracção agora prevista para a economia este ano, do objectivo de criação de 150 mil empregos nesta legislatura lançado durante a campanha eleitoral. De acordo com as próprias projecções do Executivo, ontem revistas, o ganho no número de empregos entre 2004 e 2009 não chegará aos 50 mil, ao passo que, durante o mesmo período, passarão a existir em Portugal cerca de mais 110 mil desempregados.Ontem, ao apresentar as linhas gerais da proposta de alteração ao Orçamento do Estado e o Programa de Estabilidade e Crescimento aprovados em Conselho de Ministros, o ministro das Finanças revelou que o executivo está a prever, para 2009, uma subida da taxa de desemprego de 7,7 para 8,5 por cento. Com este número - assumindo a hipótese benigna de que a população activa se mantém inalterada -, o Governo está a antecipar o aparecimento em Portugal, durante o presente ano, a entrada em situação de desemprego para mais 45 mil pessoas.
Teixeira dos Santos disse ainda que o emprego registará este ano uma redução de 0,7 por cento. Assumindo que a média do número de empregos em 2008 será igual à registada nos primeiros três trimestres do ano, isto significa a perda de 35 mil postos de trabalho na economia portuguesa em 2009. Em comparação com 2004, o ano imediatamente anterior à tomada de posse do Governo, o ganho situar-se-á em torno dos 46 mil empregos.
Este cenário tão negativo no mercado de trabalho agora assumido pelo executivo é um resultado directo de uma deterioração marca das expectativas relativamente à evolução da economia nos próximos anos. Ontem o Governo deitou fora as suas previsões de crescimento feitas em Setembro do ano passado e adoptou, praticamente por inteiro, os cálculos feitos na semana passada pelo Banco de Portugal.
Assim, o Governo, em vez de um crescimento de 0,8 por cento em 2009, espera agora uma contracção da economia da mesma magnitude. A recuperação esperada para os próximos anos é moderada, com um crescimento de 0,5 por cento em 2009 e de 1,3 por cento em 2010. Mesmo assim, esperam Teixeira dos Santos e a sua equipa valores já suficientes para fazer o desemprego recuar nesses anos para 8,2 e 7,7 por cento, respectivamente.

Economist mais pessimista
Com estas novas projecções, o Governo passa a ter um orçamento baseado num cenário macroeconómico mais credível, face ao que tem sido a evolução da economia portuguesa e internacional durante os últimos meses. Já há, contudo, quem esteja bastante mais pessimista. Ontem, o Economist Intelligence Unit, uma firma de análise económica ligada ao grupo editorial da revista Economist, deu a conhecer o seu novo relatório sobre Portugal, onde prevê uma contracção da economia de dois por cento em 2009 e de 0,1 por cento em 2010, com a taxa de desemprego a subir para 8,8 por cento já este ano e para nove por cento no próximo.
Teixeira dos Santos, na conferência de imprensa que se seguiu ao Conselho de Ministros, fez questão de salientar que a deterioração das perspectivas para Portugal decorrem da crise internacional a que se assiste e assinalou que, mesmo com esta revisão, "não se pode ignorar o quadro de grande incerteza actual". "Estas projecções valem o que valem. São apenas previsões", disse. O ministro das Finanças lembrou ainda as medidas de apoio à economia e emprego adoptadas no final do ano passado pelo Governo e agora introduzidas no Orçamento do Estado, defendendo que "se nada fizéssemos, com certeza que o desemprego seria ainda maior".

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