sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Menezes ainda pode surpreender com congresso
(DN) 2.1.2009
O ex-líder do PSD Luís Filipe Menezes tem mais de 2500 assinaturas de militantes sociais- -democratas nas mãos. As necessárias para convocar um congresso extraordinário destinado a fazer cair Manuela Ferreira Leite. Estão a ser medidos os prós e os contras, mas a acontecer será neste 1.º trimestre do ano
O ano de 2009 será inevitavelmente agitado para todos os partidos. Três eleições - europeias, autárquicas e legislativas - são obra, mesmo para aqueles cujas lideranças estão para lavar e durar, como a do PS. O cenário de frenesim poderá mesmo agravar-se no maior partido da oposição já no início do novo ano, caso Luís Filipe Menezes decida partir para um congresso extraordinário do PSD. Um grupo de apoiantes seus conseguiu, nos últimos meses do ano, as 2500 assinaturas necessárias para a convocação de uma reunião magna do partido.O DN sabe que o ex-presidente do PSD e o líder da distrital do Porto, Marco António Costa, têm debatido os prós e contras de avançar contra Manuela Ferreira Leite no primeiro trimestre de 2009, única altura possível dado o calendário de sucessivos de actos eleitorais. A queda do partido nas sondagens, que tem sido progressiva, tem servido de apelo à realização do congresso. Ao invés, o curto espaço de tempo que o partido teria para se reorganizar - caso Manuela Ferreira Leite fosse destituída da liderança -, funciona muito pelo lado dos contras. Luís Filipe Menezes tem, aliás, ficado isolado nas críticas ferozes à actual direcção do partido, da qual já disse não ter "dimensão cultural ou política", nem "capacidade para levar o PSD à vitória em 2009". E é este discurso, sujeito a nuances que o autarca de Gaia tem reproduzido em encontros de militantes e nos artigos de opinião que escreve no Jornal de Notícias. Mesmo antes de ter sido oficialmente reconhecido como o cabeça-de-lista do PSD à Câmara de Lisboa, Pedro Santana Lopes, um dos candidatos derrotados por Ferreira Leite nas directas de 31 de Maio do ano passado, já se demarcava de Menezes. "Não estou de acordo que ao fim de dois meses haja intervenções dessas", afirmava Santana ao DN em Setembro quando interrogado sobre um eventual congresso extraordinário. Na sua opinião, "nem se devia falar em congressos e isto não significa nenhum juízo de valor sobre a actual direcção".
Idêntica posição tem assumida por Pedro Passos Coelho, outro dos candidatos derrotados nas directas do ano passado. Por várias vezes tem dito que o "PSD precisa de estabilidade" e que está empenhado em ajudar a líder a ganhar as legislativas do ano que agora começa. O que não o impede de andar pelo País numa roda vida e de ter organizado um tink-tank , o "Construir Ideias", que debate sobre os mais variados temas políticos, económicos e sociais. É precisamente por causa disto que um dos principais apoiantes de Manuela Ferreira Leite, Pacheco Pereira o acusa de "andar em campanha permanente". No último programa "Quadratura do Círculo", na SIC Notícias, o antigo deputado do PSD acusou Passos Coelho de "hipocrisia" ao dizer que não anda em campanha e fazer o contrário. "Isto é um papel desagregador", sustentou Pacheco Pereira e sublinhou que essa postura conduz um "enfraquecimento do PSD".
Quem também prometeu falar logo no início do ano das vicissitudes do PSD e fazer uma avaliação dos resultados da liderança foi Alberto João Jardim (que apoiou Santana Lopes nas directas), mas é pouco provável que se alie a Menezes no processo de desencadear um eventual congresso. O líder regional sempre se mostrou contra os "grupos e grupelhos" que "balcanizam" o partido.
No último Conselho Nacional do PSD, a 16 de Dezembro, Manuela Ferreira Leite avisou que sozinha não consegue dar a vitória ao PSD e considerou a união interna "um dever patriótico". A líder social-democrata deixou claro que tenciona candidatar-se a primeiro-ministro e deixou um aviso: "Não excluirei ninguém, mas aqueles que não quiserem vir comigo não os vou buscar."
No primeiro trimestre deste Novo Ano vai-se perceber se o partido consegue mesmo manter-se estrategicamente unido ou parte para uma ruptura arriscada num ano com três actos eleitorais.

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