O PS dois anos depois
(Público)17.01.2009. Por São José Almeida
Em Novembro de 2006, o XV Congresso do PS reuniu-se em Santarém para aclamar José Sócrates, reeleito quinze dias antes secretário-geral do PS.
(Público)17.01.2009. Por São José Almeida
Em Novembro de 2006, o XV Congresso do PS reuniu-se em Santarém para aclamar José Sócrates, reeleito quinze dias antes secretário-geral do PS.
O clima de sagração do líder era absoluto, até porque José Sócrates conseguira quebrar um tabu da política portuguesa: em 20 de Fevereiro de 2005, o PS tinha ganho as eleições legislativas com maioria absoluta.
A época era assim de certezas e de poder. Nada abalava o orgulho do PS e era também inabalável a convicção de que o caminho apontado pelo líder era o único.
Quem criticava ou apenas questionava a adopção de soluções de pendor neoliberal e lamentava a adesão cada vez maior do PS a soluções que descaracterizavam a tradição social-democrata do partido era olhado como adverso ao clímax ou mesmo adversário.
Manuel Alegre, que se candidatará a Presidente da República contra o candidato do PS, Mário Soares, nem sequer foi ao congresso. E Helena Roseta assumiu então um processo de ruptura que a levou ao abandono do PS em 2007, um caminho que foi simbolizado pelo momento em que votou sozinha contra a moção de José Sócrates, bem como nos longuíssimos segundos que teve de esperar na ponta do palco para poder apertar a mão ao líder eleito.
Agora, dois anos depois, a moção de Sócrates ao XVI Congresso, de acordo com as informações recolhidas pelo PÚBLICO, opta por reflectir sobre a crise económica e financeira e por pedir caminhos diferentes das soluções neoliberais que fizeram o capitalismo financeiro entrar em crise. E assume uma viragem programática à esquerda.
Nada permite, porém, concluir que Sócrates reconhece agora as críticas que a esquerda do seu partido lhe apontava então. Mas uma certeza existe: José Sócrates está pressionado pela esquerda, com o PCP e o BE perto do quinto do eleitorado e com o movimento de apoio a Manuel Alegre a assumir uma dinâmica social que pode trazer surpresas eleitorais.
É, por isso, possível considerar que esta viragem à esquerda, por muito convicta e sentida que seja, é também uma resposta política à erosão que o PS pode sofrer pela esquerda nas próximas eleições legislativas.
Resta saber se esta mudança não vai prejudicar a tentativa de comer o eleitorado ao PSD, o grande objectivo eleitoral que tem caracterizado o PS.
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