sábado, 17 de maio de 2008

Desemprego deverá continuar alto

No que diz respeito ao Norte os números, se lhes juntássemos os da nova emigração para a Galiza, subiriam bem acima dos 20%. Mais de 70 000 pessoas emigraram para Espanha, sobretudo Galiza, levando a uma situação contraditória em que por um lado o Norte tem o maior desemprego do país mas, por outro, há zonas da fronteira galega, como por exemplo Viana do Castelo, onde o que se nota é a falta de mão-de-obra, uma vez que os portugueses ultrapassam a fronteira para fugirem aos salários miseráveis que aqui se ganham e usufruirem dos salários muitos superiores da Galiza, sendo que, ainda assim, ali, são os mais mal pagos e por isso mal vistos pelos trabalhadores galegos. Convém sublinhar que, no que diz respeito ao Norte, além do desemprego e da precaridade, outra chaga social são os salários de miséria auferidos pelos trabalhadores precários ou não. Ao lado do que cresce a luxúria e o dispêndio, numa justiça social em que o fosso entre ricos e pobres é cada vez maior e se vê desaparecer a classe média. Bem poderíamos esperar, finalmente, a chegada do auxílio do investimento público: mas quando os números apontam para 35% para Lisboa (aeroporto, nova ponte, e frente ribeirinha) 6% para o Porto, 5% para Braga e 4% para Aveiro, estamos conversados...

(JN) 16.05.2008 Alexandra Figueira
O desemprego não deverá baixar este ano, sobretudo porque a economia está a crescer muito menos do que o esperado. Com um aumento da riqueza nacional tão fraco - o Instituto Nacional de Estatística (INE) admitia ontem apenas 0,9% no primeiro trimestre e o Governo baixou para 1,5% a estimativa para o final do ano -, três economistas contactados pelo JN usaram precisamente a mesma expressão quando questionados sobre a expectativa da descida do desemprego, na qual o Governo ainda ontem insistiu "Se não aumentar, já não é mau". O INE vai hoje tornar públicos os números de desemprego dos primeiros três meses do ano. Mas, mesmo que os dados mostrem algum abrandamento (há sempre uma diferença entre o que se passa na economia o desemprego), "já será bom se chegarmos a Dezembro com o mesmo desemprego com que terminamos 2007", afirma João Loureiro, da Faculdade de Economia do Porto. Jorge Santos, professor de macroeconomia no ISEG, acha até estranho que não esteja já a haver mais desemprego. Dados de Março da Segurança Social indicam, precisamente, que o número de beneficiários do apoio está a baixar, o que tem sido atribuído ao combate à fraude. Em matéria laboral, a nova expectativa ontem revelada pelo ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, continua a apontar para o aumento do número de pessoas a trabalhar, na linha do objectivo de criar 150 mil novos empregos na legislatura.
O Governo e o presidente da República, Cavaco Silva, disseram ontem estarem atentos e preocupados com os dados do INE. Mas o facto de Portugal ter uma economia pequena deixa-o particularmente vulnerável ao que se passa no resto do Mundo e dá-lhe poucas armas para contrariar a conjuntura internacional. É no mercado mundial que se encontram algumas das explicações para a descida das previsões de crescimento económico. Ainda não se conhecem todas as consequências do desmoronar dos créditos à habitação de alto risco nos Estados Unidos, mas a banca já dificulta os empréstimos aos consumidores e empresas; ninguém arrisca tectos para o preço a que chegará a alimentação e o petróleo no fim do ano, pelo que a inflação deverá continuar a subir; e o euro vale cada vez mais dólares, dificultando as vendas de produtos fora da Europa (como Angola, que suportou o crescimento das exportações nacionais do ano passado) e faz subir as importações, mais baratas.
O que se passa dentro de Portugal também justifica o fraco crescimento da economia e não abre perspectivas risonhas. Os próximos meses prometem redobrar as más notícias às famílias, pelo menos se se concretizar a previsão de Manuel Farto, do Centro Estudos Economia Europeia e Internacional. A inflação vai subir (atestar o carro e encher a despesa ficará ainda mais caro) e os juros continuarão ao nível de agora, ou mais altos - mas os salários não sairão do sítio, pelo menos na Função Pública, já que Teixeira dos Santos recusou ontem os aumentos salariais reclamados pelos partidos da Oposição e sindicatos. Nem, já agora, baixarão os impostos, além da descida em um ponto percentual do IVA prevista para Julho, disse.O cenário que se desenha às famílias impede-as de consumirem mais e fazerem crescer a economia, acredita Jorge Santos. Já as exportações deverão abrandar e as importações acelerar, segundo as perspectivas ontem traçadas por Teixeira dos Santos. A nova palavra de ordem do Governo para estimular a economia é, assim, o investimento do Estado e das empresas, recorrendo aos subsídios comunitários que começam, finalmente, a entrar no país.

1 comentário:

hfrsantos disse...

Sem um Governo Regional, com um programa para a Regiao Norte referendado pelo povo do Norte em eleiçoes regionais o futuro apresenta-se dificil para o Norte de Portugal.

Nao ha um Governo Regional que fale a uma so voz pelo Norte.
Cada autarca nortenho tem diferentes soluçoes para os problemas do Norte.

Os unicos que podem decidir o que é melhor é o povo.
é o povo que deve decidir qual o programa de Governo que quer para a sua Regiao por eleiçoes regionais.

Democracia Regional é a unica soluçao politica para o desgoverno de Portugal Continental.