segunda-feira, 19 de maio de 2008

COMENTÁRIO


A entrevista do nosso putativo adversário ao JN do passado sábado merece-nos apenas os seguintes comentários:

1. Confirma-se que a Federação do Porto, servirá tudo menos o PS Porto, o Porto, ou o Norte, pois não passa de uma caixa de ressonância do poder central, sem identidade, sem personalidade, sem vontade, sem visão e sem voz. No Porto e no Norte não há crise, isto vai de vento em popa, não há de que nos queixarmos. Vêm aí umas super-políticas para o Norte. Não sabe quais são, mas sabe "que o Governo está a estudar essa matéria". A Federação Distrital actual do PS/Porto é na verdade um sujeito passivo. Um cadáver.

2. Além da total inexistência enquanto entidade política, o actual presidente da Federação, nosso putativo adversário, revela uma inconsciência inacreditável ao continuar a tratar com os pés dossiês como o de Matosinhos, continuando sem nada fazer para evitar o aparecimento de candidaturas independentes na área socialista, pelo contrário fechando os olhos às realidades de que é, aliás, um dos principais responsáveis. Se levássemos a sério tudo o que é dito neste campo, e que mostra o desconhecimento total da realidade, não teríamos qualificativos para designar a situação. A agravar o facto do mesmo autismo, passividade e, pelos vistos, inépcia, poder provocar em outros concelhos situações similares, que levarão a que o PS/Distrital, se não der a volta de 180º na sua orientação, consiga bater ainda mais fundo.

3. É também deveras inacreditável a falta de formação democrática de que o nosso possível adversário dá mostras, ao considerar, no referente à data do Congresso Distrital, que o administrativo, com que designa os Estatutos, não se pode sobrepor ao político, com que designa a arbitrariedade de os desrespeitar.

Ora os Estatutos são um instrumento jurídico, não um instrumento administrativo, estão para o partido como a Constituição está para o país. O que caracteriza no essencial o Estado de Direito democrático é a submissão do poder político à Lei, sendo que esta deriva da decisão do poder político democrático através dos seus órgãos legislativos. Em qualquer caso, o poder político democrático se produz a lei, submete-se a ela. O contrário é precisamente a Ditadura em que a Lei fundamental é suspensa arbitrariamente pelo poder político e como nós conhecêmos isso durante 48 anos...

No entanto, fala que o mandato anterior também foi alargado e que nós fomos colaborantes porque estivemos no secretariado e nada dissemos. (É verdade que estivémos pouco mais de 2 meses no Secretariado de que nos demitimos pelas razões que foram na altura conhecidas entre as quais a de não termos jeito para jarra de flores). Mas, ainda assim, mesmo que nenhum erro possa servir para justificar outro, na altura, isso teve uma justificação política visível que era a do calendário eleitoral e da inconveniência de fazer as eleições naquele momento. Por isso ninguém levantou a voz, não houve um único reparo. Ora, agora não existe nenhuma justificação visível, audível ou dizível para adiar as eleições, antes pelo contrário, o prolongamento de Maio para Novembro, encostando os "distritais" ao "nacional" só levará a uma promíscua "nacionalização" dos congressos distritais. Se há uma justificação, digam qual é! Não dão uma única justificação, porque não têm nenhuma que possam dar publicamente, não têm nenhuma justificação decente. E é triste ver um beneficiário da situação, que tem neste momento o estatuto de usurpador, estar ainda a defender a legitimidade de uma situação ilegal só porque tira dela vantagem e sente-se, como sempre, obrigado a defender tudo o que vem de cima, tudo o que lhe atiram para cima.

4. Por último, não pretendemos fazer crítica do gosto, como o nosso putativo adversário que não gosta de tatuagens nem piercings. Mas não é só de um mau gosto a toda a prova, é também uma grande falta de respeito, uma pessoa com a sua dimensão pretender-se em analogia com o discurso do General Sem Medo, referindo, "obviamente anunciarei a minha candidatura". Terá alguma noção do que foi a luta anti-fascista?

1 comentário:

Anónimo disse...

Há políticos pequeninos que se julgam grandes.
Pela usurpação do "obviamente" e por uma entrevista paupérrima, não perco tempo, mas vou estar atento e critico.
O Pedro Baptista já disse tudo.
Dizer mais, era valorizar quem não se respeita a si próprio e só serve de caixa de ressonância do poder central.
As consequências virão se ninguém de bom senso travar esta representação do PS no Porto e deixar que os Estatutos sejam usados por conveniência.