A indústria da pesca vai fazer uma imobilização total no continente a 30 de Maio, em protesto contra a falta de apoio do Governo ao sector, que não consegue suportar o aumento do preço dos combustíveis. A escalada de preços dos combustíveis foi, de resto, debatida, ontem, na Assembleia da República. A decisão dos armadores de pesca de paralisação no final do mês, e por tempo indeterminado, vai implicar a estadia em terra de cerca de sete mil embarcações, segundo Miguel Cunha, dirigente da Associação dos Armadores de Pesca Industrial (ADAPI). Esta paragem, salientou o dirigente, vai "impossibilitar a existência de peixe fresco capturado por barcos portugueses e obrigar à compra de peixe importado, que ficará mais caro para os consumidores e sobre o qual não se consegue garantir as condições higieno-sanitárias". O protesto, que junta as cerca de 20 associações e sindicatos nacionais do sector, "resulta do facto de em Janeiro termos enviado uma carta ao sr. ministro, a expor os nossos problemas e de, até agora, não termos recebido qualquer tipo de resposta. Sentimo-nos ignorados", explicou Miguel Cunha. Para o dirigente, é preocupante que o ministro da Agricultura e Pescas se recuse a apoiar o sector, quando outros países da União Europeia, como França, Itália e Espanha, estão a subsidiar a indústria das pescas, por causa do aumento dos combustíveis. Mesmo assim, ontem, em França, os pescadores fizeram um mega protesto que começou com o bloqueio do Porto de Marselha e se estendeu a outros portos, obrigando a uma reunião de emergência entre os representantes dos pescadores e o Governo."O que pedimos é que se equipare as regras de concorrência, para que possamos competir com os nossos concorrentes em pé de igualdade", frisou o dirigente da ADAPI. Segundo a associação, a UE tem um mecanismo de apoio para estas situações, e, no caso de Portugal, poderiam ser disponibilizados 15 milhões de euros em ajudas.Ontem, o ministro da Agricultura e Pescas, Jaime Silva, deixou claro que não vai disponibilizar mais apoios ao sector, dizendo que a pesca e a agricultura já recebem "um apoio importante que outros não têm", com a redução de 50% no preço do gasóleo. O primeiro-ministro, que no Parlamento se limitou a reafirmar a garantia de que o relatório da Autoridade da Concorrência será conhecido no início de Junho, não se comprometeu com qualquer tomada de posição. Nem para alterar o imposto sobre os produtos petrolíferos (que reconheceu representar 60% do total do preço), nem para pressionar as empresas petrolíferas a alterarem a política de preços dos combustíveis. (...)
quinta-feira, 22 de maio de 2008
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