Já sabemos que se os "nacionalistas" vencerem é como se fosse o Milosevic ou o Mugabe a vencer, terá havido necessariamente fraude eleitoral, pois a imprensa do "Ocidente" é que sabe, não os Supremos Tribunais dos países nem os observadores estrangeiros. As eleições, seja onde for, na Rússia, na Argélia, na Venezuela, no Zimbabué, na Palestina, no Iraque ou na Sérvia, só são limpas se ganharem os "pró-ocidentais" (como era, por exemplo, com o caso das fraudes eleitorais do Salazar) ou seja os disponíveis para alinharem com os interesses "ocidentais", cujos conteúdos não vale a pena especificar, pois toda a gente conhece (ou desconhece). E nesses casos, claro, aí vão as sanções económicas, contra esses povos desobedientes e desrespeitosos para com, afinal, os Velhos Senhores da Canhoeira... Depois todos nos queixamos da perda de credibilidade do Ocidente e do aparecimento de gerações e gerações de terroristas...
(Público) 11. 05. 2008 Dez anos, oito eleições a nível nacional: quatro presidenciais, duas legislativas, um referendo - e, hoje, novas eleições parlamentares. De cada vez que os sérvios vão às urnas, escreve-se que o país vai decidir entre o passado e o presente, entre o nacionalismo e a abertura ao Ocidente, e algumas votações são consideradas um referendo à aproximação à União Europeia. A cada eleição, as apostas vão subindo e vão sendo são consideradas "as mais importantes desde a queda do regime de Slobodan Milosevic", em 2000. Mas, desta vez, parece mais provável do que nunca que o resultado termine não só com uma vitória dos nacionalistas, mas que estes possam mesmo conseguir apoio para formar uma coligação para o Governo. Nada é certo: as sondagens dão resultados muito próximos para os dois principais partidos, os Radicais de Tomislav Nikolic, e o Partido Democrata do Presidente, Boris Tadic. E nas últimas presidenciais já parecia que Tadic não ir conseguir vencer Nikolic, mas acabou por segurar a presidência, com uma margem muito curta, com 50,5 por cento dos votos.Assim, até agora, todas as eleições terminaram com coligações que demoraram mais ou menos tempo a negociar, de algum modo favoráveis ao chamado "bloco pró-ocidental", do actual Presidente, Boris Tadic, e do primeiro-ministro, Vojislav Kostunica. O chefe do Governo, apesar de ser o terceiro votado, tem funcionado como o fiel da balança, sendo o seu apoio decisivo para formar maiorias parlamentares. Tem apoiado sempre Tadic, até às últimas presidenciais, em que apoiou um terceiro candidato na primeira volta e não declarou apoios na segunda.
Como foi de Kostunica a decisão de dissolver o Governo por causa da "falta de coerência" do executivo após a proclamação da independência do Kosovo (mais concretamente, pela recusa dos partidos Democrata, do Presidente Boris Tadic, e do liberal G17+, em aprovarem uma proposta de bloquear quaisquer negociações com a UE que não considerassem toda a Sérvia, ou seja, que não incluíssem o Kosovo), supõe-se que o cenário mais provável é que, caso seja preciso construir uma coligação, ele se alie a Tomislav Nikolic, que tem uma retórica mais radical e cujo partido foi o mais votado nas últimas legislativas, em Janeiro de 2007.Os investidores estão entretanto a olhar, mais do que para quem ganha, para "quem poderá governar sem haver uma eleição de novo no próximo mês ou no próximo ano", diz o economista Jens Bastian, citado pela agência britânica. É muito sublinhada a importância do Kosovo, a província sérvia que proclamou, unilateralmente, a sua independência de Belgrado em Fevereiro, nesta votação. A divisão entre os políticos sérvios não é sobre a aceitação desta declaração: ninguém aceita. É, sim, sobre se continuar um caminho de adesão a uma UE em que a maioria dos Estados reconheceu a independência e que enviou uma missão para o terreno é contraditório com a recusa de reconhecer a independência do Kosovo. Tadic argumenta que a aproximação à UE nada tem a ver com o Kosovo, Kostunica e Nikolic que não é possível fazer parte da UE, se esta envia uma missão para ajudar o Kosovo na sua independência.Mas esta não é a única questão, e há analistas que garantem que nem sequer é a principal: muitos sérvios estão descontentes com a falta de progresso do país governado pelo bloco pró-ocidental, e estes vão obtendo resultados cada vez piores: por exemplo, Tadic tinha vencido as presidenciais de 2004 com nove por cento de vantagem sobre Nikolic, nas últimas ganhou com três por cento. A percentagem de sérvios que quer que o país adira à UE continua alta, embora esteja agora, segundo a BBC, nos 64 por cento - ainda em Janeiro deste ano era de mais de 70 por cento. E, segundo a estação de televisão britânica, mais de 71 por cento dos sérvios opõem-se a uma entrada na UE, se essa tiver como condição o reconhecimento do Kosovo.
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