Um situação que parece conter alguma complexidade. Pode até nem se gostar ou discordar radicalmente ou não dar qualquer crédito, mas Artur Santos Silva, mal-grado ser banqueiro, não é uma pessoa indiferente no que diz respeito à cultura do Porto e à defesa do seu património. Aliás, a ideia de recuperar "A Brasileira", ao que saibamos, é da sua lavra. Até é verdade que as coisas, independentemente do valor do investimento do concessionário, no interior, não estando mal, não estavam tão bem recuperadas, como seria desejável e o projecto de recuperação da "Brasileira" mantém-se distante do nível do do Majestic ou do Guarani que poderão ser as grandes referências. Mas só há vantagem na intervenção cívico-popular desde já. Diríamos que onde há povo vigilante o futuro é mais seguro... além de que, já se sabe, o futuro morre de velho.
(Público) 04.05.2008, Jorge Marmelo
O histórico café A Brasileira, que hoje comemora 105 anos, vai voltar a "ser aquilo que o Porto quer que seja": "Um espaço que manterá as características que o tornaram parte da memória da cidade". A garantia foi dada ao PÚBLICO pelo presidente não-executivo do BPI, Artur Santos Silva, agora que a instituição bancária recuperou a posse do imóvel e ordenou o encerramento do café e do restaurante que ali têm funcionado nos últimos anos.
Encerrado está já o Caffé di Roma, que ocupou a mais pequena das partes em que o imóvel foi dividido, e o restaurante está ainda a funcionar. As ordens, porém, são para que abra amanhã as portas pela última vez, assinalando, de forma pouco desejável, o 105.º aniversário da fundação d"A Brasileira. A empresa que tem arrendado o espaço recorreu, entretanto, aos tribunais, apresentando um recurso para tentar obter uma alteração da decisão judicial, mas não se sabe ainda se a justiça evitará este desenlace. O BPI, recorde-se, tornou-se proprietário do imóvel que ocupa a esquina das ruas de Sá da Bandeira e do Bonjardim no final do século passado, no âmbito da execução de uma dívida, tendo vendido o imóvel no final da década de 1990 a um dos inquilinos do edifício. Este não honrou, porém, os compromissos com a instituição bancária, que recorreu aos tribunais para recuperar a propriedade do prédio. Segundo Artur Santos Silva, o anterior proprietário falhou também no cumprimento da obrigação contratual que previa que as características do espaço d"A Brasileira fossem mantidas. O espaço do Caffé di Roma foi objecto de restauro, tal como aconteceu com a pala pára-sol de ferro e vidro que ornamenta a fachada principal do edifício, mas o resto do imóvel foi apenas modernizado tendo em vista a adaptação para o funcionamento do restaurante que amanhã deverá encerrar as portas. Segundo Jorge Rocha, gerente do restaurante, foram gastos mais de 1,5 milhões de euros só na remodelação daquela parte do imóvel. "Tendo em conta o dinheiro que aqui foi gasto, e por uma questão de justiça e bom senso, isto devia ter sido tratado de outra forma", disse ao PÚBLICO o gerente do estabelecimento, segundo o qual, a confirmar-se o encerramento marcado para amanhã, haverá ainda a lamentar a perda de vinte postos de trabalho. "A casa está a funcionar muito bem, não deve haver nenhum restaurante em toda a cidade do Porto a funcionar tão bem como este", disse. Jorge Rocha garante, por outro lado, que, a despeito das declarações de Artur Santos Silva, ninguém do BPI falou ainda com os arrendatários do restaurante. "Se é para reabrir o espaço, mais valia mantê-lo aberto desde já", comentou o gerente. O espaço d"A Brasileira, recorde-se, foi completamente descaracterizado no final do século XX, acabou por encerrar as portas e assim se manteve durante alguns anos, já então na posse do BPI (que veio depois a vendê-lo em hasta pública). Em 2001 pareceu ressuscitar, com a abertura do Caffé di Roma num dos dois espaços em que A Brasileira foi dividida, tendo sido parcialmente devolvido àquela parte do imóvel algum do charme Arte Nova do início do século XX. 20 Postos de trabalho podem vir a perder-se, caso se confirme o fecho do restaurante, previsto para amanhã
O histórico café A Brasileira, que hoje comemora 105 anos, vai voltar a "ser aquilo que o Porto quer que seja": "Um espaço que manterá as características que o tornaram parte da memória da cidade". A garantia foi dada ao PÚBLICO pelo presidente não-executivo do BPI, Artur Santos Silva, agora que a instituição bancária recuperou a posse do imóvel e ordenou o encerramento do café e do restaurante que ali têm funcionado nos últimos anos.
Encerrado está já o Caffé di Roma, que ocupou a mais pequena das partes em que o imóvel foi dividido, e o restaurante está ainda a funcionar. As ordens, porém, são para que abra amanhã as portas pela última vez, assinalando, de forma pouco desejável, o 105.º aniversário da fundação d"A Brasileira. A empresa que tem arrendado o espaço recorreu, entretanto, aos tribunais, apresentando um recurso para tentar obter uma alteração da decisão judicial, mas não se sabe ainda se a justiça evitará este desenlace. O BPI, recorde-se, tornou-se proprietário do imóvel que ocupa a esquina das ruas de Sá da Bandeira e do Bonjardim no final do século passado, no âmbito da execução de uma dívida, tendo vendido o imóvel no final da década de 1990 a um dos inquilinos do edifício. Este não honrou, porém, os compromissos com a instituição bancária, que recorreu aos tribunais para recuperar a propriedade do prédio. Segundo Artur Santos Silva, o anterior proprietário falhou também no cumprimento da obrigação contratual que previa que as características do espaço d"A Brasileira fossem mantidas. O espaço do Caffé di Roma foi objecto de restauro, tal como aconteceu com a pala pára-sol de ferro e vidro que ornamenta a fachada principal do edifício, mas o resto do imóvel foi apenas modernizado tendo em vista a adaptação para o funcionamento do restaurante que amanhã deverá encerrar as portas. Segundo Jorge Rocha, gerente do restaurante, foram gastos mais de 1,5 milhões de euros só na remodelação daquela parte do imóvel. "Tendo em conta o dinheiro que aqui foi gasto, e por uma questão de justiça e bom senso, isto devia ter sido tratado de outra forma", disse ao PÚBLICO o gerente do estabelecimento, segundo o qual, a confirmar-se o encerramento marcado para amanhã, haverá ainda a lamentar a perda de vinte postos de trabalho. "A casa está a funcionar muito bem, não deve haver nenhum restaurante em toda a cidade do Porto a funcionar tão bem como este", disse. Jorge Rocha garante, por outro lado, que, a despeito das declarações de Artur Santos Silva, ninguém do BPI falou ainda com os arrendatários do restaurante. "Se é para reabrir o espaço, mais valia mantê-lo aberto desde já", comentou o gerente. O espaço d"A Brasileira, recorde-se, foi completamente descaracterizado no final do século XX, acabou por encerrar as portas e assim se manteve durante alguns anos, já então na posse do BPI (que veio depois a vendê-lo em hasta pública). Em 2001 pareceu ressuscitar, com a abertura do Caffé di Roma num dos dois espaços em que A Brasileira foi dividida, tendo sido parcialmente devolvido àquela parte do imóvel algum do charme Arte Nova do início do século XX. 20 Postos de trabalho podem vir a perder-se, caso se confirme o fecho do restaurante, previsto para amanhã
1 comentário:
Felizmente o Il Caffé di Roma voltou a abrir as suas portas. A Brasileira não é um brinquedo do Dr. Artur Santos Silva, que quando lhe apetece, se serve dele. Felizmente quando toda a baixa estava a passar por um periodo de abandono, alguem quis investir nela, agora que parece que há vontade politica para reabilitar a baixa começam logo a aparecer os abutres sedentos de lucros. Se a Brasileira É, então deve-o ser sempre, e não quando existem potenciais lucros na venda do imovel.
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