domingo, 11 de maio de 2008

Tópicos do improviso de Pedro Baptista na inauguração da sede de campanha

Agradecimentos a todos os presentes: militantes, eleitores, amigos.
Evocação do cinquentenário do 10 de Maio de 1958, a Conferência de Imprensa no Café Chave d' Ouro de Humberto Delgado: Obviamente demito-o:! Catapulta mediática. Catapulta popular a 14 de Maio com a visita ao Porto. 200 000 pessoas em torno de S.Bento e do General Sem Medo. Mais uma vez, o Porto no vórtice do furacão.
O Porto é a razão de ser da nossa candidatura. Fomos a locomotiva económica do país, e salvo honrosas mas raras excepções, estamos estagnados economicamente e degradados socialmente. Mais de 40 mil pessoas no RMG, outras tantas na Baixa médica, percentagem de desemprego que não está longe do dobro da média nacional e que a ultrapassaria se não fosse a volta da emigração ao Norte do país.
Emigração não só pelo desemprego, mas também pelos salários miseráveis, em comparação com a Galiza, que ainda no outro dia tão atrás de nós, por força das autonomias regionais e da dinâmica nacional galega cresce ao dobro da média de Espanha e capta o emprego nortenho.
Situação que, em termos políticos, resulta do centralismo, na inexistência de políticas regionais, do surripianço das verbas do QREN, em particular dos programas horizontais temáticos ou mesmo dos programas regionais verticais com deslocalizações tácticas de empresas, que não passam de truques, senão de embustes.
Uma situação praticamente de colonialismo interno. Os portuenses são cada vez mais tratados como portugueses de 2ª. Em todas as esferas. Toda a gente aqui sente isto. Investimento público: 35% para Lisboa (ponte, aeroporto, frente ribeirinha), 6,5% para io Porto, 5% para braga, 4% para Av
eiro.
Resulta de não haver regionalização nem se vislumbrar, nestes três anos, nenhuma medida preparatória nesse sentido.
Regionalização: sabemos que não é uma panaceia porque não há panaceias, mas sabemos que o seu boicote ilegal e inconstitucional é uma das principais razões do atraso da economia nacional e da sociedade portuguesa impedindo o policentrismo e uma dinâmica de competividade e crescente produtividade. O PS não fez ainda nada para preparar a Regionalização como se comprometeu. Mas ninguém pense que nos resignaremos. Não nos resignaremos a um país unipolar, uma locomotiva sem carruagens, a um país destruído, empobrecido e sugado pelo centralismo. Lutaremos por todos os meios e todos os meios quer dizer todos os meios necessários. E como escreveu Aquilino, o maior escritor português do Século XX, precisamente há 50 anos, ao lado de Delgado e sobre a visita ao Porto “debaixo da superfície lisa agitavam-se as águas vivas”.
Não aceitamos a cláusula de boicote à constituição.
Mas a situação do Porto resulta sobretudo do Porto não ter voz, neste momento. O Porto é um bolo em cujo centro devia estar uma cereja, mas está apenas um buraco. O Porto é um donnut. Onde esteve e devia estar o porta-voz da região, enquanto não houver região político-administrativa, na Presidência da Câmara do Porto, não está nada, está um buraco, um vazio, o silêncio, a resignação, senão a cumplicidade e o cinismo.
Mas o PS do Distrito do Porto, a Federação, ainda para mais, partido do Governo, não está melhor. É o mesmo buraco, o mesmo vazio, o mesmo silêncio, a mesma abulia. Incapaz de manifestar os anseios da região, de mostrar os seus problemas particularmente agravados, de exigir uma política regional, de se afirmar como sempre afirmou no passado. A maior Federação do país é como se não existisse.
Queremos inverter esta situação. Queremos um PS afirmativo, audível e vencedor, para um Porto dinâmico, confiante, positivo. Na economia, na sociedade, na cultura, na política. Queremos entedimentos regionais a nível político que dêem outra imagem da política ao serviço da região e das pessoas.
Seremos leais ao secretário-geral. Ninguém se arme em mais leal que nós ao SG. Mas ninguém confunda lealdade com servilismo. Somos leais mas não somos serventuários.
Queremos também um PS Porto reorganizado e com uma nova dinâmica. Há sectores do PS Porto em desagregação total. É preciso dinamizar, revivificar, informatizar. Descentralizar. Somos genericamente pela proximidade. O que é diferentes de capelinhas para só para alimentar sacristãos…
Trabalharemos incansavelmente com as concelhias e mesmo com as secções numa lógica ascendente-descendente e também numa lógica horizontal centro periferia e periferia-centro.
Somos por um distrito policêntrico na sociedade e no partido. Basta ver o painel de campanha aqui presente que é, também, o painel do blogue.
Diálogo com outras regiões.
Queremos um novo estilo de trabalho no partido. Para nós o diálogo é um valor. Seja inter-organizativo, seja directamente com as pessoas, sejam presidentes ou o mais anónimo dos militantes. Para nós todas os militantes e mesmo todos os eleitores têm a mesma importância, em primeiro lugar a importância de serem pessoas.
Da mesma forma que acho intolerável a situação actual em que a maior Federação do país, o Porto, é dirigido por pessoas que, todas elas, presidente ou membros do secretariado, passam a semana na capital – que bom que deve ser para eles - , da mesma forma que considerei intolerável que a Federação pudesse ser dirigida de Bruxelas, reitero o meu compromisso solene de, sendo Presidente da Federação, não ser candidato a deputado nem na A.R nem no P.E.. O Porto é o Porto.
O Porto precisa e merece uma direcção presente todos os dias, não só para entabular o diálogo com a direcção do Partido, o Grupo Parlamentar e o Governo, como apoiar os presidentes, vereadores, membros das A.M, e sobretudo membros das Assembleias de Freguesia, que são a principal base de sustentação do partido, o seu instrumento orgânico de ligação ao povo e que prometo acarinhar com particular empenho.
Precisamos de dar uma volta de 180 graus no processo de decadência autárquico do PS Porto a todos os níveis. Comigo na presidência da Federação tenho a certeza que vamos estar em consonância com a Concelhia do Porto para o melhor candidato e a melhor lista para a Câmara, que catapulte o PS de todo o Distrito para dinâmicas de vitória autárquicas, retirando-nos da situação, que a continuar como está e a ser tratada como é, deixará o PS meramente residual.
Repito: Câmaras, Assembleias Municipais, e Assembleias de Freguesia. Não queremos perder mais câmaras, nem mais juntas, queremos ganhar o Porto e outras Câmaras, noutras ficarmos em boa posição com candidatos de futuro, tal como nas Juntas, ou melhor nas Assembleias de Freguesia.
Tivemos um papel importante no processo de unidade conseguido no Porto, onde o nosso putativo adversário procurou desesperadamente a divisão e o enfraquecimento. Queremos que o processo do Porto seja um exemplo para uma nova dinâmica de vitória, um vendaval que alastre para todo o distrito, com unidade, apoio, candidaturas bem preparadas , aposta em jovens.
Respeito integralmente o papel das concelhias e as suas escolhas baseadas não em sindicatos de voto internos mas tendo em conta indicações do eleitorado seriamente obtidas.
Aliás toda a gente já percebeu que quero um partido aberto não só a todos os militantes como à participação dos eleitores socialistas e mesmo dos cidadãos em geral, particularmente os que se comprometem em causas cívicas, essenciais à democracia participativa, ideários de que também poderemos comemorar por estes dias uma efeméride, a de Maio de 68, que transformou a democracia tida enquanto regime, para a democracia a partir de então enquanto cultura.
Nós também somos "soixante-huittards", dès ex-gamins de Mai 68, para nós a democracia depois de se ser um regime tem de passar a ser uma cultura. Cultura quer dizer sem chapelada.
Em aberto a discussão sobre o partido de militantes ou de eleitores. Tal como a discussão sobre as primárias. Do nosso ponto de vista, como contributo para uma discussão que terá de ser longa, aberta e participada, as primárias têm sentido fundamentalmente num partido de eleitores socialistas, ou seja em que as formalidades para se pronunciar são reduzidas ao mínimo. Senão é uma substituição dos directórios pelos sindicatos de voto.
Falou-se nos jornais de uma candidatura do José Luís Carneiro. Prova que não somos só nós. Prova que também em Baião se sente que é preciso outro presidente de Federação. Se vier, por nós, será bem-vindo. Seremos dois contra o actual, marcaremos as nossas diferenças, mas convergiremos em que é preciso mudar o actual presidente e o actual estado de coisas.
Alteração do Calendário Eleitoral, abstruso, ilegal, anti-estatutário. Que são os estatutos? Os estatuto estão para o Partido, como a Consituição para o país. Justificação. Injustificado, injustificável. Objectico: proteger o aparelho, o status quo. Permitir aos presidentes eleitos há dois anos, o bónus de seis meses para trabalharem as novas concelhias.

Ainda hoje o nosso possível adversário pode convocar uma reunião de presidentes de Comissão Política para a Amarante, para tentar evitar que eles viessem cá. Como há quinze dias, arranjaram uma tomada de posse de "Concelhias", coisa que nunca existiu, só para impedir uma iniciativa dos homens ligados ao Manuel Alegre. Tendo eles os dados que se recusam a fornecer, o aparelho, os funcionários, os telefones, o dinheiro e nós não tendo nada. Mas temos a razão e essa tem muita força, tem toda a força. Não há justificação política do partido, mas apenas interesse político de uma facção do partido.
Mas já tenho a informação que essa reunião foi um fiasco, pela ausência de muitos dos mais significativos presidentes de comissões políticas agora eleitos.
O nosso putativo adversário, o actual presidente disse que o político está acima do administrativo que é o que entende como legal, que no mandato passado não tínhamos dito nada pelo prolongamento do mandato e que não era conveniente ruído no PS para não perturbar o ruído do PSD.
Não tem a mínima ideia do que é o estado de direito democrático, em que há o primado do direito sobre a política, sendo que a política (a assembleia legislativa) faz a lei que a política tem de respeitar. É o ABC do estado de direito democrático, o resto é a ditadura.
Nem queremos uma má oposição, uma oposição de ruídos, mas sim forte e estável, que obrigue o governo a ser um bom governo. É por isso que a democracia paga à oposição como paga ao governo.
Queremos ser governo pelo nosso mérito e não pelo demérito dos opositores. Queremos governanças ganhas e não tomar conta de poderes perdidos pelos adversários. Queremos uma linha ascendente da política para o país e não uma descendente de desagregação.
Uma sede que temos, porque não podemos usar a que também nos pertence, que é a sede do PS usurpada pelo nosso putatitvo adversário, também ele neste momento um usurpador do cargo para que terminou o mandato e não se submete a eleições. É um espaço de todos vós. Um espaço de liberdade de pensamento e de palavra, porque nós gostamos mesma da liberdade, nós acreditamos na capacidade criativa da liberdade e da democracia
Finalmente, agradecer a presença de todos os militantes e os não militantes. Tenho a certeza que com a nossa vitória os presente e muitos mais aderirão ao Partido. Fazem bem porque todos eles, militantes, eleitores socialistas, cidadãos em geral, o Porto e Portugal são a única razão de ser da nossa candidatura, deste nosso combate que travamos para vencer. Para vencermos.

Com este vinho do Porto, um brinde à memória do General Delgado, ao Partido Socialista, ao Porto e a Portugal.

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