quarta-feira, 8 de julho de 2009

E a moral?

Por Joaquim Pinto da Silva
8.7.09
Jorge Coelho, com o dia de ontem bem presente (o homem do aparelho do PS e o mais influente no governo na altura), o dia do presente como objectivo, vem recordar o "dia de amanhã", exercendo de forma clara a função para a qual é pago: influenciar.
Pelos vistos, com a consciência aparente (e ou eleitoral?) do governo, a coisa está mais difícil no terreno em que é mais hábil, o do secretista empurrão de dentro do partido, e tem que passar a outro campo, a pública opinião, onde a estratégia se desvenda mais claramente e a sua preponderância pessoal é bem menor.
Jorge Coelho quer claramente que, em nome de um presente de regalias/encomendas acima das nossas possibilidades (alicerçado no desvario de obras públicas da última década e meia), a sua empresa garanta as benesses que tem tido ou as aumente, com nítido prejuízo do futuro próximo, bem próximo, que se anuncia mais escuro.
A demagógica utilização do aumento do desemprego (com o posto dele incluso, muito provavelmente) esconde a verdade dura e inelutável: mais obras públicas de grande gabarito hoje, significam o adiamento do inevitável desemprego na construção civil no futuro. Neste caso, e contrariando "pela esquerda" os nossos habituais defensores da intervenção estatal por dá cá aquela palha (e que aqui se vão calar) defendo que é melhor para o país pagar o subsídio de desemprego hoje e procurar encontrar soluções de empregabilidade noutros campos económicos, do que apenas adiar o inevitável, e no intervalo delapidar ainda mais a economia e as finanças nacionais "aguentando" empresas que não inovaram e não exportaram à medida da sua aparente potência, e os chorudos salários de quem as serve a alto nível.
E dado que muitos se deram, nos últimos dias, a uma tentativa de moralizar mais ainda a vida político-partidária, porque não repetir e fazer um repto a Jorge Coelho: considerando as funções governamentais que exerceu, demita-se de imediato da administração da empresa que o acolheu e que tantos e tão chorudos negócios tem com o sector público, ao ponto de, segundo confessa, ser Estado-dependente (mais uma, num país que segue - dizem os encartados da "esquerda" - o neo-liberalismo mais pérfido).

1 comentário:

M. Araújo disse...

Não há forma conhecida de escapar aos ajustes que a máquina que move as economias do Mundo, acabará, mais tarde ou mais cedo, por fazer aqui em Portugal. De pouco servirão as desesperadas rezas e novenas de última hora proferidas a correr por gente que tem ignorado as novas dinâmicas. Acabou o forró, a colheita sem produção, esbateram-se as figuras que só por si, rentabilizavam as inércias de muitos.
Aperta-se o cerco; repõem-se a legalidade mesmo contra a vontade de alguns.
As crises têem esse extraordinário poder!