quinta-feira, 2 de julho de 2009

"É o mesmo que comparar uma formiga com um elefante"
(Público)02.07.2009, António Arnaldo Mesquita
Em meio ano, as autoridades judiciais norte-americanas investigaram e condenaram Bernard Maddof. A celeridade do desfecho de uma das mais complexas burlas no sistema financeiro mundial é ainda mais vertiginosa para quem se lembre do tempo que já passou desde a abertura de processos como o da Operação Furacão, do BPN e BPP.
Maria José Morgado, procuradora-geral adjunta, admite que "temos um sistema penal inteiramente desajustado da produção de prova e condenação rápida no crime económico-financeiro."
Qual a razão da diferença de duração dos processos de colarinho branco no Estados Unidos e em Portugal?
Para além das diferenças de métodos de trabalho pessoais, tendo em conta o sistema penal americano e o português é como comparar uma formiga com um elefante. No processo português, há mil e um actos de recolha e produção de prova obrigatórios. Só depois de toda uma sucessão ritualizada de actos processuais é que é possível formular uma acusação. E só nessa altura o processo entra na fase judicial - quando for remetido para a instrução ou para o julgamento. Ou seja, toda esta ritualização processual encerra uma fase preliminar que não tem valor em julgamento! E mais: todo o contraditório feito pelos arguidos na fase preliminar é repetido na instrução, não obstante os formalismos e garantismos da fase preliminar. Todas as provas recolhidas na fase preliminar têm que ser repetidas em julgamento. A confissão de um arguido na fase preliminar que não seja mantida na fase do julgamento não tem valor nenhum e é prova proibida.
Mas não dá que pensar que Bernard Maddof tenha sido detido em 11 de Dezembro de 2008 e condenado anteontem?...
Dá que pensar que temos um sistema penal inteiramente desajustado da produção de prova e condenação rápida no crime económico-financeiro. Não podemos querer sol na eira e chuva no nabal. Ou aceitamos a morosidade anormalmente induzida por processo penal excessivamente garantístico que valoriza os direitos dos arguidos em detrimento do direito de punir e dos direitos das vítimas, ou simplificamos e modernizamos o processo penal. O excesso de garantismo é tão injusto como a falta de garantias, porque conduz à impunidade.O que se podia fazer para alterar esta morosidade? Podíamos, por exemplo, eliminar a fase de instrução, que me parece inteiramente inútil, face às alterações introduzidas na fase preliminar: foi alargada a intervenção do JIC, foram reforçadas extraordinariamente as garantias de defesa. Após a acusação, o processo deveria seguir imediatamente e com fluidez para o julgamento - como acontece na Alemanha. Além disso, é preciso repetir que não temos os meios periciais e informáticos compatíveis. É preciso investir na justiça, informatizar verdadeiramente os tribunais, atribuir-nos bases de dados, enfim dar-nos ferramentas dos dias de hoje. Na investigação do crime de colarinho branco, vivemos mergulhados em papel, afinal a receita garantida para morosidades máximas, dúvidas insanáveis e até absolvições inevitáveis e injustas. No sistema americano, o MP recolhe as provas numa fase preliminar secreta, com escassa participação do acusado. O conjunto das provas é-lhe dado a conhecer no fim, no sentido de se considerar culpado ou inocente. Nada que se compare com a nossa ritualização labiríntica, ou seja, a diferença entre a formiga e o elefante.

4 comentários:

AM disse...

Bom Dia Pedro

Não tem nada a ver com o assunto do corrupçao, corruptores, apropriação de bens publicos em proveito próprio e/ou dos amigos, etc.

(ou será que tem?)

Mas talvez esta notícia tirada daqui:

http://www.cm-porto.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=cmp.stories/12035

merecesse só por si uma postita, ou não?

"Desporto

VIP's também prometem dar gás no Circuito da Boavista

Enquanto os pilotos profissionais se preparam para a grande corrida do WTCC, que terá lugar a partir de sábado com as habituais sessões de treino e toda a azáfama que sempre rodeia uma prova do Mundial de Turismo, o Circuito da Boavista promete começar a animar logo ao fim da manhã com a divertida, mas também competitiva, corrida VIP. Os treinos estão marcados para o meio-dia de sábado, exactamente uma hora antes da partida oficial, que terá lugar às 13h00.
Pela primeira vez no Circuito da Boavista, haverá uma corrida deste género, na qual participam caras conhecidas do grande público, com gosto pelo automobilismo e alguma tendência para acelerar, embora com perícia quanto baste ao volante dos Seat Léon.

Apesar de ter como objectivo apenas a diversão, este momento poderá afirmar-se como uma espécie de aperitivo para outros andamentos e emoções mais fortes, constituindo, por outro lado, uma oportunidade para conhecer quem tem mais sangue frio e habilidade para se impor e chegar ao fim sem ter amaçado os adversários, nem o carro, é claro.

Poderá, igualmente, servir para acabar com o mito sobre quem tem mais jeito para as artes do volante: se os homens ou as mulheres, apesar destas estarem em clara minoria nesta primeira corrida VIP do Circuito da Boavista, que conta com personalidades da TV, da política, do desporto e da economia.

Assim, na grelha de partida irão alinhar, entre outros, Fátima Campos Ferreira, Alberta Marques Fernandes, Sílvia Rizzo, Rui Rio, José Pedro Aguiar-Branco, Nuno Morais Sarmento, Marçal Grilo, Artur Santos Silva, João Serrenho, Cândido Barbosa, Agostinho Branquinho, Fernando Póvoas, Jorge Gabriel, Vladimiro Feliz, Jaime Pacheco, Jaime Magalhães e, ainda, o pai do próprio Tiago Monteiro, Edmar Monteiro.

Pode, então, começar já a fazer as suas apostas sobre quem será o vencedor desta corrida VIP do Circuito da Boavista, a realizar no próximo sábado, 4 de Julho, a partir das 12 horas. A adrenalina vai subir e os momentos serão, certamente, de grande diversão."

E já agora uma provocaçãozita (carinhosa) ao meu amigo Pedro Aroso:

Atão o malandreco do Ruizito não se lembrou de o convidar?
Ai o camandro....

Uma abraço a dois Pedros (o Baptista e o Aroso) do

António Moreira

Pedro Baptista disse...

Obrigado António Moreira. Intervenção sempre arguta e vendo onde outros só olham. Um abraço.

Pedro Aroso disse...

Well comeback António Moreira! Um grande abraço.

Polícia de Giro parte final disse...

Valeu a pena a luta para revitalizar o BLOG e os comentários.
Agora é gente a falar.
Parabéns a todos.
Estou feliz porque me deram razão.
A política é isto. Falar sem ofender e defendendo o ponto de vista de cada um.
Parabéns pEDRO bAPTISTA pois não é fácil aguentar um BLOG nos dias que correm.