domingo, 5 de julho de 2009


O PS e as candidaturas duplas
(DN) EDITORIAL 5.7.09

Foi numa reunião privada, sem divulgação prévia, que na sexta-feira à noite José Sócrates comunicou aos presidentes das distritais do PS a proibição de candidaturas simultâneas às eleições legislativas e autárquicas. É preciso dizer que, ainda há poucos dias, o coordenador das campanhas socialistas, Vieira da Silva, tinha informado os líderes das federações do PS de que não havia qualquer alteração às regras definidas antes das europeias e que permitiram, por exemplo, que Ana Gomes e Elisa Ferreira integrassem a lista de candidatos ao Parlamento Europeu, ao mesmo tempo que se apresentavam como concorrentes às câmaras de Sintra e do Porto.
O que terá feito José Sócrates mudar de ideias? Antes de mais, é bom notar que uma sondagem recente da Universidade Católica publicada pelo DN apontava para a vitória esmagadora de Rui Rio sobre Elisa Ferreira, na corrida à Câmara do Porto. Por outro lado, parece evidente que o PS terá interiorizado, depois das eleições europeias, o sentimento de que não é invencível.
Manuela Ferreira Leite, e bem, já tinha, em nome da transparência e do respeito pelos compromissos assumidos com os eleitores em cada acto eleitoral, imposto a proibição de duplas candidaturas no PSD. José Sócrates terá agora percebido que esta norma colhe a simpatia do eleitorado. Numa altura em que sente o poder a fugir-lhe entre os dedos, o líder do PS tem de deitar mão a tudo o que não o faça perder votos. Pena é que só agora tenha percebido a perversidade das candidaturas duplas. E não é aceitável o argumento de que europeias e legislativas são eleições distintas que merecem por isso tratamento diferente. O que é verdade é que, no caso de Ana Gomes, era preciso acarinhar a esquerda e não hostilizar Manuel Alegre. O resultado foi o que se viu.

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