Alexandra Marques e Isabel Teixeira Mota com LUSA (JN) 1.5.2008
A presidente da Federação de Bancos Alimentares contra a Fome está preocupada com o aumento dos preços dos bens alimentares, temendo - como outros líderes de organizações humanitárias portuguesas - um quadro de fome em Portugal ainda mais grave do que o actual. Ao JN, Isabel Jonet lança um apelo veemente "Os portugueses não devem entrar em pânico nem ir a correr aos supermercados, porque isso só faria disparar ainda mais o preço dos produtos"."A situação é preocupante", reconhece, mas sobretudo para as famílias carenciadas que têm um rendimento mensal baixo em que as despesas com a alimentação têm um enorme peso.
Também ao JN, o padre Lino Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade Social, traça um cenário igualmente negro da situação social, garantindo que "há cada vez mais gente a bater à porta das instituições da Igreja" para satisfazer "as necessidades básicas". "Não sendo catastrófico, o panorama é interpelante", disse, acrescentando que "obriga à adopção de medidas enérgicas por parte do Governo". Este responsável deixa um desafio a José Sócrates "É essencial haver coragem para desonerar fiscalmente os mais desfavorecidos e onerar os mais ricos".
Já em Outubro de 2007, o INE (Instituto Nacional de Estatística) calculou em dois milhões a quantidade de pobres em Portugal. Ou seja um terço da população entre os 16 e os 64 anos.
As instituições de apoio social são unânimes em identificar os novos pobres entre os desempregados e nos agregados a contas com créditos à habitação cujas taxas de juro têm subido sucessivamente nos últimos anos. A estes acrescem os idosos - segundo Isabel Jonet, a soma dos custos com a medicação e a comida é superior a muitas pensões de reforma e, por isso, muitos idosos preferem cortar nas refeições. Ficam, desta forma, mais dependentes da ajuda das organizações de solidariedade social como o Banco Alimentar, que promove este fim-de-semana mais uma recolha de alimentos e que ajudou, em 2007, mais de 232 mil carenciados"As pessoas estão com a corda ao pescoço", reitera Fernando Nobre, presidente da Assistência Médica Internacional (AMI), que, no ano passado, apoiou mais de sete mil pessoas nos oito centros Porta Amiga existentes nas principais cidades do país. Destas, 85% pediram ajuda alimentar, 90% das quais por ter dificuldades financeiras.
Ontem mesmo, o presidente da República sugeriu que a UE deve ter "força e capacidade" para intervir em "questões estratégicas" como a segurança alimentar e a energia.
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