terça-feira, 7 de julho de 2009

Toque de Midas
(JN) 7.7.09 Parece o Toque de Midas, mas de pernas para o ar. Tudo o que o PS toca se transforma numa coisa má. Que melhor exemplo que a recente decisão de impedir as candidaturas duplas às eleições legislativas e autárquicas? Uma decisão sensata, que permitiria aumentar a transparência e ajudaria a combater a ideia de que os políticos estão apenas interessados em garantir um tacho. Só que entretanto houve eleições europeias e com elas a derrota. E o que antes seria interpretado como uma decisão sensata, é agora visto como uma decisão hipócrita. Uma tentativa desesperada de ficar um pouco melhor na fotografia, de reconquistar algum respeito entre os eleitores.
Os adversários, por exemplo o PSD, rejubilam com este novo material e já sugerem que Ana Gomes (Sintra) e Elisa Ferreira (Porto) sejam obrigadas a fazer a escolha: ou ficam no Parlamento Europeu e deixam o PS sem candidatos àquelas autarquias, ou mantêm-se na corrida autárquica e abandonam o cargo e as mordomias de eurodeputado. Do mal o menos, porque da oposição se espera que tire partido das fragilidades do PS. O problema é que também do interior do partido chegam várias e sonoras críticas a decisão tão precipitada.
Há pelo menos 15 deputados do PS que se candidatam à presidência de outras tantas autarquias. E alguns deles não estão nada satisfeitos com este empurrão para a exclusividade ou, para usar expressão já ouvida, com mudanças de regras quando o jogo já está lançado. E percebe-se porquê. A vitória em boa parte dessas autarquias é improvável, sendo que agora não há o tacho da Assembleia da República. Fica-se com a fundada suspeita de que, se fosse hoje, o PS teria alguma dificuldade em arranjar candidatos para algumas câmaras.

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