Comentário de Francisco J. Marques, Editor (JN) 01.05.2008
A Federação Portuguesa de Futebol, através de um seu funcionário, o advogado João Leal, comunicou à UEFA a condenação do F. C. Porto pela Comissão Disciplinar da Liga da forma mais negativa possível, fazendo os possíveis para que a UEFA exclua os portistas da Liga dos Campeões. Ao invés de tentar proteger o seu filiado, como é sua obrigação e sempre fez, ou como fazem as outras federações, a FPF começa por dizer que o campeão nacional "has committed the very serious disciplinary infrigement of corruption of the refereeing team" [cometeu a infracção disciplinar muito grave de corrupção da equipa de arbitragem] e só 22 palavras mais à frente, no meio de referências jurídicas, e em itálico é que se lê "as an attempt" [na forma tentada]. Mais, o denodo com que João Leal, director do Departamento Jurídico da FPF, escreve que o F. C. Porto não recorreu e omite que o recurso de Pinto da Costa pode ter óbvios efeitos sobre a condenação do clube caso venha a ser considerado procedente pelo Conselho de Justiça indicia uma inaceitável tomada partido. Diabolizando o F.C. Porto, claro!
À Federação, aos seus órgãos e aos elementos que os integram exige-se distanciamento e imparcialidade. Lendo o fax que a FPF enviou para a UEFA percebe-se que não há distanciamento, nem imparcialidade. Falando claro, João Leal enviou uma comunicação que abre caminho à exclusão do F. C. Porto, em benefício especialmente do Benfica, que assim poderá chegar à Champions através da terceira pré-eliminatória, mas também do Guimarães e até do Braga.
A FPF tem todo o direito de achar que a condenação do F. C. Porto pela Comissão Disciplinar da Liga foi curta, mas é incompreensível que agora vista publicamente a pele de cordeiro ao dizer que é assunto que não lhe diz respeito e na privacidade da comunicação com a UEFA use o fato de lobo mau e tente empurrar o campeão nacional para o cadafalso.
Em suma, este é um óbvio caso de tráfico de influências e a federação terá de se explicar.
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