quarta-feira, 23 de julho de 2008

Doentes e "clientes"

(JN) 22.07.08 Manuel António Pina
Um cidadão vai a uma clínica privada (por exemplo, à Clipóvoa) levando um medicamento - que apenas os hospitais fornecem - e pede que lhe seja injectado.
Perguntam-lhe: "Foi-lhe prescrito?" O cidadão confirma que foi (de outro modo só tinha consigo o medicamento se tivesse assaltado um hospital…). Resposta: "Prove!". Em certos sítios, um cidadão é sempre presumivelmente culpado e cabe-lhe a si provar que não o é. Ou, tratando-se de uma clínica privada, onde não há doentes, há "clientes", a questão pode eventualmente ser outra. Isto porque, como o cidadão não tem consigo prova da sua honestidade (prova de que o medicamento lhe foi efectivamente prescrito e não o furtou num hospital), logo lhe é proposta a solução mágica: o doente-cliente pagará uma consulta e a coisa ser--lhe-á de novo prescrita (e, tratando-se de um medicamento para a anemia, provavelmente pagará ainda umas análises…). Tudo a acrescer ao custo (pelos vistos baixo) da solicitada injecção. Talvez se chame a isto "marketing", mas pode chamar-se-lhe outra coisa. O quê, como S. João diria, "quem for inteligente" que descubra…

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