segunda-feira, 7 de julho de 2008

O Porto está mais pobre

E claro que a Câmara Municipal do Porto tem, também, uma grande responsabilidade nisso, seja por acção, seja por omissão, em suma, por ter lançado a cidade na estagnação, por se ter mostrado inteiramente incapaz de trazer qualquer novo grande projecto, por pregar o imobilismo, por ter destruído todas as dinâmicas de desenvolvimento em que o Porto estava inserido.


(PJ) Ana Caridade 7.07.08 Mais desempregados, mais dependentes de apoios sociais e mais velhos. A população é cada vez mais pobre e as assimetrias aumentaram. O Pré-diagnóstico Social do Porto fala de uma franja crescente da população a que chama os «working poors», os trabalhadores pobres.
O Porto é uma cidade cada vez mais pobre e com assimetrias cada vez mais visíveis. Os dados fornecidos pelo Pré-diagnóstico Social do Porto, revelam que a tendência para o aumento do número de desempregados se mantém, mas introduz um novo conceito. Os «working poors», os trabalhadores pobres, são um fenómeno em ascensão fruto das disparidades de rendimentos que se verifica na cidade, e cujo índice é superior ao do resto do País. Para além disso, o relatório revela que 34 por cento da população residente na cidade é pensionista e que nove por cento sobrevive graças ao Rendimento Mínimo de Inserção. Ou seja, se somarmos aos cerca de 10 por cento de desempregados, os pensionistas e os usufrutuários de subsídios sociais, temos que 53 por cento da população do Porto não trabalha. O envelhecimento da população, a baixa escolaridade e formação da população activa e a discrepância cada vez mais acentuada entre ricos e pobres são três dos problemas mais graves da cidade do Porto. Muito embora não tenha sido feita a análise da pobreza na cidade, o documento salienta que “ o aumento do número de beneficiários do Rendimento Mínimo de Inserção revela que as situações de pobreza e exclusão têm vindo a aumentar”.
O Pré-diagnóstico Social salienta aquilo que considera ser “um indicador relevante” que permite avaliar a dispersão dos salários dos que habitam a cidade. Assim, foi estabelecida uma comparação entre os 20 por cento dos trabalhadores que ganham mais e os 20 por cento que ganham menos. A conclusão a que chegaram foi que, quem tem melhores salários leva para casa três vezes mais dinheiro do que os que ganham menos. “No caso do Porto este quociente é mais elevado do que nos restantes âmbitos geográficos [Grande Porto, Norte e Continente], facto indicador de uma maior segmentação sócio-económica a nível local”, refere o estudo, que salienta ainda “a atenção que deverá ser dada aos «working poors», ou seja, àqueles que mesmo estando no mercado de trabalho não escapam à pobreza, quer porque os salários não garantem a satisfação de todas as necessidades básicas, quer porque o emprego é instável e precário”. Já não são só os desempregados e os pensionistas que se encontram em situações de vulnerabilidade. “Embora não se possa reduzir a pobreza às questões do rendimento, já que se trata de um fenómeno multi-dimensional, é fundamental analisar o comportamento dos recursos financeiros, a sua origem e distribuição pois estes constituem a principal chave explicativa das desigualdades sociais”, alerta o estudo.
O Pré-diagnóstico Social do Porto foi elaborado pelo Gabinete de Estudos e Planeamento da Câmara Municipal do Porto e coordenado por Isabel Martins.

2 comentários:

Anónimo disse...

Nova reportagem TVI sobre o «esgotamento» da Portela...

http://www.tvi.iol.pt/mediacenter/home.php?tipo=2&art_id=&mul_id=11444607&pagina=1&psec_id#

Philipp disse...

Sinceramente, gostava mesmo que comprovasse o que diz sobre a culpa da Câmara do Porto no empobrecimento da cidade. Se realmente acredita que as grandes obras é que enriquecem a população. E que dinâmicas são essas que a câmara destruíu.
Gostava mesmo de mais argumentos, visto ser alguém do meio político - ao contrário de mim.