Num interessantíssimo programa, sobretudo para bibliófilos, ontem à noite, na RTP 1, Mário Soares, interrompido de 15 em 15 segundos por Clara Ferreira Alves que deveria estar a desempenhar a função de entrevistadora, mostrou-nos os interiores da sua casa no Campo Grande, sua residência há mais de 50 anos.
A casa está transformada numa riquíssima biblioteca pessoal, consagrada à literatura portuguesa, à história e à ciência política, e em lugar onde Mário Soares pensa passar os últimos anos a escrever o que considera ainda lhe faltar escrever, com óptimas condições, para não ter desculpas para não escrever.
Soares confessou sentir-se um escritor frustrado por nunca ter conseguido arrancar como ficcionista, algo que já tinha referido em "Incursões Literárias" embora a sua obra, em temas politológicos, abarque cerca de 30 títulos.
Foi com o orgulho infantil de qualquer coleccionador bibliófilo que nos mostrou primeiras edições de Vieira, Camilo, Eça, Aquilino, Torga e sabemos que o antigo presidente da República é detentor também de espécimes raros e valiosos do nosso quatrocentismo e quinhentismo.
Mas do ponto de vista político, para lá dos dados da sua biografia política, o momento mais alto da visita comentada feita por Soares, foi quando declarou que quando se dedicou exclusivamente à política retirou-se da Ordem dos Advogados abandonando pois essa condições profissional. Soares explicou que enquanto um advogado defende os seus clientes particulares, um político defende o interesse público, sendo pois os dois interesses absolutamente antagónicos e incompatíveis.
Interessante que, ainda há dias, tínhamos ouvido o corajoso bastonário da Ordem dos Advogados a defender o mesmo ponto de vista, mais que justificado com a lógica republicana mais elementar.
Mas depois de ouvirmos tudo isto e sobre tudo isto reflectirmos, ao olhar a quantidade de advogados que pululam no Parlamento e em todas as instâncias do Estado, constituindo com os chamados juristas, ou seja os licenciados em Direito, a esmagadora maioria, percebemos uma das pistas dos males deste país, nomeadamente a que permite compreender o estado da Justiça ou, se preferimos, o estado do seu contrário.
É que há mesmo incompatibilidade em ser advogado e ser político ou, simplesmente, desempenhar cargos políticos. Di-lo Mário Soares e nós concordamos inteiramente.(PB)
A casa está transformada numa riquíssima biblioteca pessoal, consagrada à literatura portuguesa, à história e à ciência política, e em lugar onde Mário Soares pensa passar os últimos anos a escrever o que considera ainda lhe faltar escrever, com óptimas condições, para não ter desculpas para não escrever.
Soares confessou sentir-se um escritor frustrado por nunca ter conseguido arrancar como ficcionista, algo que já tinha referido em "Incursões Literárias" embora a sua obra, em temas politológicos, abarque cerca de 30 títulos.
Foi com o orgulho infantil de qualquer coleccionador bibliófilo que nos mostrou primeiras edições de Vieira, Camilo, Eça, Aquilino, Torga e sabemos que o antigo presidente da República é detentor também de espécimes raros e valiosos do nosso quatrocentismo e quinhentismo.
Mas do ponto de vista político, para lá dos dados da sua biografia política, o momento mais alto da visita comentada feita por Soares, foi quando declarou que quando se dedicou exclusivamente à política retirou-se da Ordem dos Advogados abandonando pois essa condições profissional. Soares explicou que enquanto um advogado defende os seus clientes particulares, um político defende o interesse público, sendo pois os dois interesses absolutamente antagónicos e incompatíveis.
Interessante que, ainda há dias, tínhamos ouvido o corajoso bastonário da Ordem dos Advogados a defender o mesmo ponto de vista, mais que justificado com a lógica republicana mais elementar.
Mas depois de ouvirmos tudo isto e sobre tudo isto reflectirmos, ao olhar a quantidade de advogados que pululam no Parlamento e em todas as instâncias do Estado, constituindo com os chamados juristas, ou seja os licenciados em Direito, a esmagadora maioria, percebemos uma das pistas dos males deste país, nomeadamente a que permite compreender o estado da Justiça ou, se preferimos, o estado do seu contrário.
É que há mesmo incompatibilidade em ser advogado e ser político ou, simplesmente, desempenhar cargos políticos. Di-lo Mário Soares e nós concordamos inteiramente.(PB)
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