quinta-feira, 3 de julho de 2008

Douro é um rio de pontes, mas a travessia pedonal proposta por Gaia continua na gaveta

03.07.2008, Marisa Ferreira (Público)
"Com o dinheiro de uma ponte pedonal sobre o Tejo, faz-se duzentas pontes sobre o Douro." A afirmação de Adão da Fonseca, professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e engenheiro da ponte pedonal Pedro e Inês sobre o rio Mondego, pode parecer um bom argumento para a construção deste tipo de travessias no Douro mas, pelos vistos, não chega. Para o professor da FEUP, a construção de uma ponte pedonal que ligue Porto e Gaia ainda não avançou, devido a "factores económicos", apesar de "ficar relativamente barata". "Quando se resolver o problema financeiro talvez se construa a ligação pedonal", realçou este académico e engenheiro, a quem a Câmara de Gaia, encomendou um projecto, em 2005. Adão da Fonseca idealizou para o Douro uma ligação pedonal em curva suspensa. A ponte iria unir a Praça da Ribeira, no Porto, e a Avenida Diogo Leite, em Gaia, dois pólos importantes de animação. Este projecto continua até hoje na gaveta e sem construção à vista, devido em parte às "diferentes posições" defendidas pelas duas autarquias na construção de uma ponte deste tipo.
O debate não é novo. Durante o Porto 2001 Capital Europeia da Cultura chegou a ser objectivo ligar as duas cidades, por uma travessia deste género, face ao maior uso da Ponte Luís I pelos automobilistas.
Apesar desta lacuna, o Porto é conhecido por ser "uma cidade de pontes", como disse Álvaro Cunha, professor da FEUP, ontem na apresentação do Footbridge 2008, que reuniu no Porto engenheiros e arquitectos de pontes pedonais de todo o mundo. A discussão foi aberta, numa cidade que tem um total de seis pontes sobre o Douro, mas não tem nenhuma exclusivamente para peões. Para o engenheiro Adão da Fonseca, se um dia for construída uma ligação para peões entre as duas margens do Douro, esta tem de ser "completamente transparente". "É importantíssimo assegurar que a ponte seja digna e dignifique o património que a rodeia, daí ter de ser transparente, ela não pode tomar a posição central. A ponte também não pode entrar em conflito com o rio, pois tem de venerar a passagem das águas", destacou o professor da FEUP, para quem uma ligação pedonal entre a Invicta e Gaia poderia ter o sucesso da de Coimbra, que segundo o seu autor resulta de "um conjunto de factores, mas sobretudo por, não existir nenhuma ponte que juntasse o repouso dos parques que liga, e a frescura que a água do Mondego traz".

2 comentários:

Anónimo disse...

Ponte pedonal entre a Ribeira e Gaia destroi o turismo fluvial. Vale a pena a CMGaia e CMPorto receberem comissão do prof Adão da Fonseca par se destruir este rentável turismo ?

Rui Amaro disse...

Pois é!
Agora vão ser duas pontes pedonais sobre o rio Douro. Uma entre a Av. Diogo Leite, Gaia, e a parte Leste do Edifício da Alfandega do Porto em verdadeira curva suspensa (podiam-na projectar até ao cais do Marégrafo, que ficaria “Linda”, mesmo “Muito Linda”) e uma outra para ajudar, situar-se-á entre Massarelos, Porto, e o cais do Cavaco, Gaia, ali ao lado da ponte da Arrábida e tudo isto, possivelmente à cota baixa ou média baixa.
Para a actual navegação flúvio-turistica (réplicas dos rabelos, navios-hoteis, etc.) e flúvio-maritima comercial, essas duas ou mais pontes não causarão qualquer estorvo à sua passagem para montante ou jusante. Agora embarcações de mastreação alta (Tall Ships e vasos de guerra) deixarão de poder visitar o porto do Douro, o que é triste.
Lá se vão as Sagres, Creoulas, Santa Maria Manuelas, Boa Esperanças, Glórias, Lord Nelsons, Frederic Chopins, etc.
Ainda este mês de Julho, o navio de guerra alemão Bad Rappenau, esteve atracado ao cais da Estiva, Ribeira, a fim de realizar bancas e dar descanso à sua equipagem de quarenta elementos, os quais ficaram maravilhados com a beleza daquele lugar. Claro, se já existissem as ditas pontes, que são óptimas para ligar margens de rios, que não interfiram com uma boa navegação, como o caso do rio Mondego em Coimbra, aquela unidade naval já não poderia demandar o nosso rio e iria acostar ao porto de Leixões.
Será que há todo interesse em acabar com o porto do Douro!?
Em lugar das ditas pontes pedonais, nem era preciso construir-se um cais acostável, bastava uma prancha-cais junto das escadas da Alfandega para receber embarcações como as acima referidas e ainda grandes yachts cruisers. Não é, que o rio Douro agora está provido de uma nova barra, pelo menos com um mínimo de segurança!
Um abraço
Rui Amaro