quinta-feira, 3 de julho de 2008

PCP acusa BE e Alegre de terem aberto espaço de manobra ao PS" no comício

De como tudo pode ser visto em todas as perspectivas...
03.07.2008 - 15h05 Lusa (Público) Em Linha
O PCP acusou hoje o histórico socialista Manuel Alegre e o Bloco de Esquerda (BE) de terem organizado um comício, em Junho, que, na prática, abriu "espaço de manobra ao PS" como partido de esquerda.Exactamente um mês depois do comício que juntou o BE, dirigentes históricos do PS como Alegre e renovadores comunistas, no Teatro da Trindade, em Lisboa, Jorge Cordeiro, da comissão política, dedica um artigo de página inteira no órgão oficial do partido, “Avante!”, à iniciativa. No artigo intitulado "Incoerências de uma 'esquerda inconsequente'", Jorge Cordeiro escreve que o comício tende "a abrir espaço de manobra ao PS (designadamente pela 'arrumação' do PS na esquerda)". Por outro lado, segundo Jorge Cordeiro, também terá ajudado a "facilitar, objectiva ou subjectivamente, a sobrevivência ou resgate das políticas de direita pela promoção de falsas alternativas", além de criar "obstáculos à afirmação" do "crescimento do PCP". Dos discursos na noite de 03 de Junho, no Teatro da Trindade, o dirigente comunista escreve que "além de umas quantas frases sobre a renovação da esquerda", "nada se acrescentou às questões substantivas e essenciais" sobre a "política de direita". Apesar de reconhecer que a participação de Alegre no comício do BE e renovadores comunistas pode reflectir "contradições reais quanto à situação interna no PS", Jorge Cordeiro retira outra conclusão. "Não é possível deixar de observar que o papel desempenhado por Alegre seja explicado por razões de projecto político pessoal", lê-se no artigo. Além disso, conclui, "acaba objectivamente por criar, para sectores de militantes ou apoiantes socialistas incomodados com a política de direita do PS, uma 'reserva' de identificação com um PS que não existe".
A "exclusão do PCP" do comício é explicada no artigo como "um acto sectário" e também porque, segundo Jorge Cordeiro, na iniciativa no Teatro da Trindade não foi feita qualquer "afirmação da ruptura com a política de direita nem a alternativa de esquerda que o país reclama". Este artigo no “Avante!” surge no final de uma semana que começou domingo e segunda-feira com uma reunião do Comité Central do PCP em que o partido voltou a defender "uma convergência" à esquerda, "com todos os que estão empenhados num projecto claro de ruptura com a política de direita" do executivo de José Sócrates. Deste esforço "de convergência", o secretário-geral do PCP afastou, se não mudarem de posições, a "ala" esquerda do PS ou o Bloco de Esquerda porque, defendeu, as mudanças não se fazem "com paliativos" ou com "bons sentimentos". Sem se referir directamente ao comício do Teatro da Trindade, no mês passado, em Lisboa, com o histórico do PS Manuel Alegre e dirigentes do Bloco de Esquerda, Jerónimo disse que nesse comício, não passou - "e se passou foi mal, não demos por isso" - essa "questão de fundo".

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