Mas como se pode avaliar seja o que for, quando não há consenso, antes pelo contrário, sobre as provas/critérios de avaliação? Mesmo sendo numa das disciplinas (matemática) em que será mais fácil que um exame possa avaliar e numa outra em que não estará longe disso ("este português" porque com o "português mesmo" não dava), como é que, em qualquer caso, um acto momentâneo, subjectivo e ainda por cima inteiramente aleatório, imprevisível ou sujeito de servir o "show off" pode servir de critério de avaliação? Quando se perceberá que isto não é a mesma coisa que construir uma parede ou edificar um muro em que, em regra, o esquadro e o prumo têm uma eficiência mental decisiva?
Alexandra Inácio (JN) 05.06.08
Matemática subiu. Português desceu. O Ministério da Educação atribui os bons resultados ao redobrado esforço dos professores enquanto as associações de docentes das duas disciplinas não se manifestam surpreendidas com as notas.
Do ano passado para este, a média no exame de 12.º ano a Matemática A e dos alunos internos subiu de 10,6 (2007) para 14 valores; e a de Matemática B (dirigida para a área das Artes) de 8,6 para 13,1. A taxa de reprovações desceu, respectivamente, de 18 e 24% para 7%.
"Quando se trabalha os resultados aparecem. A imutabilidade dos resultados só se mantém se não se fizer nada", defendeu ontem o director do Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE) - entidade responsável pela execução das provas nacionais.
Para a tutela as melhorias são facilmente justificadas: o reforço do trabalho dos alunos e professores, o aumento da durabilidade da prova (mais 30 minutos), a adesão de quase todas as escolas às provas intermédias "e o sucesso do banco de itens". A página do GAVE que disponibiliza perguntas e exercícios de Matemática teve um milhão e 200 mil visitas, sublinhou Carlos Pinto Ferreira, num almoço com jornalistas antes da divulgação dos resultados das médias.
"O objectivo do exame é o de garantir que um aluno que estudou e saiba a matéria chegue lá e tenha um bom resultado", afirmou. Carlos Pinto Ferreira reprova "perguntas diabólicas", as provas devem ser equilibradas. "A minha orientação é que sejam sérias e sem minas e armadilhas", frisou, garantindo que nem Maria de Lurdes Rodrigues ou qualquer dos seus antecessores alguma vez interferiu na produção dos exames (ler caixa ao lado).
Já a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) argumenta que não sendo as provas para o Secundário construídas de forma a serem passíveis de comparação também não é possível aferir melhorias no sistema de ensino a partir da subida da média este ano.
"Não acreditamos em avanços tão espectaculares em tão pouco tempo. O Ministério está a dar um péssimo sinal aos alunos, dizendo-lhes que a melhoria das notas depende da forma como os exames são feitos e não do seu trabalho", sublinhou ao JN Nuno Crato.
A média a Português desceu de 11,3 para 10,4 valores. Consequentemente, a taxa de reprovações subiu de 5 para 8%. "Esta pequena quebra, que não é muito significativa mas suficiente para nos preocupar, leva-nos necessariamente a ter que equacionar algumas medidas de apoio e de reforço no ensino de Português no Secundário", reagiu ontem o secretário de Estado da Educação, Valter Lemos. Uma das medidas poderá ser alargar ao Secundário as dinâmicas do Plano Nacional de Leitura.
A vice-presidente da Associação de Professores de Português não ficou "surpreendida com os resultados". A descida era até "expectável" , explicou Edviges Antunes Ferreira, já que "algumas questões" suscitaram "dúvidas" até a "muitos docentes" e os critérios de classificação do GAVE, por exemplo nas perguntas de escolha múltipla, "não era o mais aceitável".
Numa apreciação global as notas subiram. A média mais baixa foi a História com 9,2 valores, enquanto em 2007 foi a Física e Química 7,4, que este ano continua a liderar o top das reprovações com 22% (em 2007 houve 31% de chumbos). A média subiu para 9,6. A Biologia e Geologia as médias também subiram de 9,1 para 10,8.
Alexandra Inácio (JN) 05.06.08
Matemática subiu. Português desceu. O Ministério da Educação atribui os bons resultados ao redobrado esforço dos professores enquanto as associações de docentes das duas disciplinas não se manifestam surpreendidas com as notas.
Do ano passado para este, a média no exame de 12.º ano a Matemática A e dos alunos internos subiu de 10,6 (2007) para 14 valores; e a de Matemática B (dirigida para a área das Artes) de 8,6 para 13,1. A taxa de reprovações desceu, respectivamente, de 18 e 24% para 7%.
"Quando se trabalha os resultados aparecem. A imutabilidade dos resultados só se mantém se não se fizer nada", defendeu ontem o director do Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE) - entidade responsável pela execução das provas nacionais.
Para a tutela as melhorias são facilmente justificadas: o reforço do trabalho dos alunos e professores, o aumento da durabilidade da prova (mais 30 minutos), a adesão de quase todas as escolas às provas intermédias "e o sucesso do banco de itens". A página do GAVE que disponibiliza perguntas e exercícios de Matemática teve um milhão e 200 mil visitas, sublinhou Carlos Pinto Ferreira, num almoço com jornalistas antes da divulgação dos resultados das médias.
"O objectivo do exame é o de garantir que um aluno que estudou e saiba a matéria chegue lá e tenha um bom resultado", afirmou. Carlos Pinto Ferreira reprova "perguntas diabólicas", as provas devem ser equilibradas. "A minha orientação é que sejam sérias e sem minas e armadilhas", frisou, garantindo que nem Maria de Lurdes Rodrigues ou qualquer dos seus antecessores alguma vez interferiu na produção dos exames (ler caixa ao lado).
Já a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) argumenta que não sendo as provas para o Secundário construídas de forma a serem passíveis de comparação também não é possível aferir melhorias no sistema de ensino a partir da subida da média este ano.
"Não acreditamos em avanços tão espectaculares em tão pouco tempo. O Ministério está a dar um péssimo sinal aos alunos, dizendo-lhes que a melhoria das notas depende da forma como os exames são feitos e não do seu trabalho", sublinhou ao JN Nuno Crato.
A média a Português desceu de 11,3 para 10,4 valores. Consequentemente, a taxa de reprovações subiu de 5 para 8%. "Esta pequena quebra, que não é muito significativa mas suficiente para nos preocupar, leva-nos necessariamente a ter que equacionar algumas medidas de apoio e de reforço no ensino de Português no Secundário", reagiu ontem o secretário de Estado da Educação, Valter Lemos. Uma das medidas poderá ser alargar ao Secundário as dinâmicas do Plano Nacional de Leitura.
A vice-presidente da Associação de Professores de Português não ficou "surpreendida com os resultados". A descida era até "expectável" , explicou Edviges Antunes Ferreira, já que "algumas questões" suscitaram "dúvidas" até a "muitos docentes" e os critérios de classificação do GAVE, por exemplo nas perguntas de escolha múltipla, "não era o mais aceitável".
Numa apreciação global as notas subiram. A média mais baixa foi a História com 9,2 valores, enquanto em 2007 foi a Física e Química 7,4, que este ano continua a liderar o top das reprovações com 22% (em 2007 houve 31% de chumbos). A média subiu para 9,6. A Biologia e Geologia as médias também subiram de 9,1 para 10,8.
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